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Conference Papers Year : 2017

O que queremos dizer quando falamos de tecnologia musical na Amazônia

Abstract

Com este texto pretendo participar à mesa redonda apresentando um relato reflexivo sobre as minhas atividades de ensino, extensão e pesquisa que colaboram com o Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical-NAP. Entre eles, tem o Grupo de Improvisação Livre-GIL, vinculado ao Curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal do Acre e o Grupo Música e Decolonialidade, ativo ao interno do Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagem e Identidade, da mesma universidade. Visto que ao momento me estou dedicando aos estudos do discurso, começarei das palavras para ver como elas formam o título da nossa mesa redonda, isto é, "O impacto tecnológico nas práticas criativas musicais: perspectivas para a Amazônia". Me concentrarei sobretudo nas palavras "tecnologia", "música" e "Amazônia". Conforme o filósofo russo Mikhail Bakhtin, qualquer signo é indissoluvelmente conectado a dinâmicas sociais e estruturas ideológicas: Um signo não existe apenas como parte de uma realidade; ele também reflete e refrata uma outra. Ele pode distorcer essa realidade, ser-lhe fiel, ou apreendê-la de um ponto de vista específico, etc. Todo signo está sujeito aos critérios de avaliação ideológica (isto é: se é verdadeiro, falso, correto, justificado, bom, etc.). O domínio do ideológico coincide com o domínio dos signos: são mutuamente correspondentes. Ali onde o signo se encontra, encontra-se também o ideológico. Tudo que é ideológico possui um valor semiótico (BAKHTIN, 2006, p. 30). Automaticamente, o ensino da "tecnologia musical" na Amazônia se configura, em discursos naturalizados e comuns sobre a nossas atividades de professores, como um "desafio". Isso acontece, porque já o significante "tecnologia" vem cheio de preconceitos, de demarcações sociais e geográficas, ou melhor, geopolíticas, bem determinadas. Em outras palavras, quando falamos em tecnologia, falamos de algo que já tem, nas nossas cabeças, tanto um lugar social quanto um lugar geográfico. Cabe ressaltar que, ao interno desse discurso hegemônico, os nossos estudantes partem já longe desses dois lugares, impossibilitados a acessa-los de maneira simples. Esses dois "lugares da tecnologia", portanto, estimulam duas críticas principais, uma que, seguindo o pensamento de Fredric Jameson, tem a ver com a lógica do capitalismo tardio, ou à pós-modernidade (JAMESON, 1984), e a outra que, de acordo com pensadores como Enrique Dussel e Walter Mignolo, tem a ver com a colonialidade, e com a lógica da modernidade (DUSSEL, 2005; MIGNOLO, 2008). Nesse sentido, não podemos ignorar que a Amazônia, a construção cartográfica que celebramos, e em que nos 1 Transcrição da fala apresentada durante o VI SIMA, na Universidade do Estado do Amapá em Macapá, novembro 2017, como parte da mesa redonda "O impacto tecnológico nas práticas criativas musicais: perspectivas para a Amazônia", ministrada junto aos professores Damián Keller e Emanuel Cordeiro 1
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hprints-02502930 , version 1 (09-03-2020)

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  • HAL Id : hprints-02502930 , version 1

Cite

Marcello Messina. O que queremos dizer quando falamos de tecnologia musical na Amazônia. VI Simpósio Internacional de Música na Amazônia, Nov 2017, Macapá, Brazil. ⟨hprints-02502930⟩

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