Atraso
Abstract
Os lugares subalternos e periféricos são comumente representados como negação dos valores positivos percebidos como qualidades fundamentais e normativas do centro. A Amazônia, que pode ser descrita como “espaço colonial do Brasil”, não é exceção a esta norma, sendo tradicionalmente apresentada “como lugar da negação da nacionalidade, lócus do incivilizado, da barbárie e do atraso em contraposição ao litoral”. Os próprios sistemas dominantes de significação produzem essa negação. Mesmo quando os significados mudam, mudam as representações. Assim, a título de exemplo, a Amazônia é percebida a partir de uma “visão paradisíaca criada pela magia dos mitos da região e sobre a região” e ao mesmo tempo de uma “violência cotidiana gestada pela permanente exploração da natureza e desencadeada pelos preconceitos em relação a ambos – homem e natureza”. Essa “dicotomia limitadora inferno verde/paraíso tropical”, constantemente, define e delimita os termos do discurso, sendo usadas como instrumentos intercambiáveis de dominação. O que não parece mudar, no contexto da “modernidade global”, constantemente definida por significantes como “progresso”, “inovação” ou “rapidez” é exatamente a representação da região enquanto um lugar atrasado, no qual a dinâmica do “progresso” ainda não chegou.
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